Categoria realiza Dia Nacional de Luta por Saúde nesta quinta (1º)

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31 de julho 2024

Trabalhadores e trabalhadoras, com o apoio do movimento sindical, estão organizando manifestações nas redes sociais e em agências de todo o país por mais saúde na categoria, para esta quinta-feira (1º/08).

As ações ocorrerão em resposta à CN Fenaban (Comissão de Negociações da Federação Nacional dos Bancos) que, na última mesa de negociação, no âmbito da Campanha Nacional para renovar a CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), disse não existirem dados suficientes para comprovar que casos de adoecimento mental estão ligados à atividade do trabalho bancário.

"Ainda na mesa, rebatemos as afirmações com dados da própria OMS (Organização Mundial de Saúde), entidade que afirma que as condições de trabalho podem afetar negativamente a saúde mental a exemplo do assédio moral que, infelizmente, é uma prática que todos nós reconhecemos que ocorre nos bancos, por isso que, em 2022, inclusive, estabelecemos uma cláusula na CCT de combate a esta prática", pontuou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, que também é presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).

Orientações

Não haverá tuitaço, mas a orientação para esta quinta-feira (1º) é que, nas redes e nos grupos do WhatsApp, os bancários e bancárias compartilhem os materiais de apoio com dados sobre o adoecimento na categoria.

A proposta é utilizar sempre a hashtag #MenosMetasMaisSaúde e o mote “Não adianta negar, saúde em 1º lugar”, nas publicações.

Nas agências, realização de rodas de escuta, sobre o tema de metas e saúde, e explicar sobre as reivindicações da minuta entregue à Fenaban, para a campanha de renovação da CCT.

Afastamento na categoria é três vezes maior que média geral

O secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, ressaltou que a manifestação negacionista dos representantes da Fenaban na mesa é preocupante, considerando o resultado da Consulta Nacional dos Bancários que, neste ano, ouviu quase 47 mil trabalhadoras e trabalhadores, de todas as regiões do país.

"Quando foi perguntado se utilizavam medicamentos controlados (antidepressivos, ansiolíticos, estimulantes), nos últimos 12 meses, 39% afirmaram que sim. Esse dado revela o alto índice de adoecimento mental na categoria", pontuou Salles.

Nessa mesma pesquisa, quando questionados sobre quais são os impactos da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas à saúde, podendo escolher múltiplas respostas, os resultados foram:

- 67% - preocupação constante com o trabalho
- 60% - cansaço e fadiga constante
- 53% - desmotivação, vontade de não ir trabalhar
- 47% - crise de ansiedade/pânico
- 39% - dificuldade de dormir, mesmo aos finais de semana

Mauro Salles destacou ainda que os trabalhadores abordaram na mesa, com a Fenaban, levantamento do Dieese, com base em dados do INSS e da RAIS, e que mostra que o afastamento bancário relacionado à saúde mental, em 2022, foi três vezes maior que a média de afastamentos, considerando todas as categoriais.

"Diante dessas informações, que não são de hoje, mas semelhantes às registradas em anos anteriores, nossas reivindicações são a rediscussão da política de metas nos bancos, para que os prazos sejam razoáveis e respeitados. Também reforçamos o combate ao assédio moral e o direito à desconexão, fora do horário de trabalho. Por fim, reivindicamos que as bancárias e bancários adoecidos tenham tratamento humanizado e condições para se recuperarem e manterem seus empregos", completou Juvandia Moreira.

A também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, ressaltou que o movimento sindical levou à mesa provas suficientes de que "o adoecimento mental dos bancários é maior que em outras categorias" e que por isso, os trabalhadores querem avançar no combate ao assédio moral. Ela lembrou ainda que a pressão para bater metas "também é intensificada pela vigilância de resultados e pela insuficiência de pessoas para realizarem suas tarefas, gerando um ritmo de trabalho excessivo".

Só em 2023, os cinco maiores bancos do país lucraram R$ 108,6 bilhões. Mas, apesar do montante, nesse mesmo ano fecharam mais de 600 agências e demitiram mais de 2 mil funcionários.

Fonte: Contraf-CUT