Centrais Sindicais do Brasil e do exterior defendem construção de um mundo mais justo
28 de março 2024
Foto:
Roberto Parizotti (Sapão)
Para construir um mundo justo e um planeta sustentável,
onde a igualdade e a justiça social ocupem um lugar primordial é necessária uma
nova forma de relação entre a sociedade e o Estado, baseado no diálogo social,
que seja institucional e que inclua demandas fundamentais para a Classe Trabalhadora
como empregos decentes, transição justa, proteção trabalhista e social
universal, igualdade e inclusão.
É preciso um novo ‘contrato social’. Isto é o que
defenderam os representantes da CUT, Centrais Sindicais brasileiras e do
exterior, no debate “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável
através de um novo Contrato Social”, do Labour 20 (L20), realizado na
terça-feira (26/03), na sede da CUT Nacional, em São Paulo.
O grupo L20 representa os interesses da Classe Trabalhadora
reunindo Sindicatos globais que tem a missão de debater temas econômicos
mundiais e direitos, sob a ótica dos trabalhadores. É responsável por
apresentar e defender as preocupações relacionadas a emprego, direitos
trabalhistas e às condições laborais justas nas discussões do G20.
Os participantes também ressaltaram a importância de se
colocar na pauta trabalhista a defesa da democracia, formas de combater o
avanço da extrema direita, a economia solidária, a igualdade salarial entre
homens e mulheres, a inclusão da população trans no mundo do trabalho, o avanço
da tecnologia, a transição justa, entre outras preocupações que impactam
diretamente na vida do trabalhador e da trabalhadora de todo o mundo.
Representando a CUT Nacional, o secretário de Relações
Internacionais, Antonio Lisboa, reafirmou o compromisso do movimento sindical
brasileiro e internacional na defesa dos direitos dos trabalhadores, junto ao
G20.
“Nós precisamos saber utilizar a similaridade da agenda do
mundo do trabalho, dos trabalhadores e trabalhadoras, com a agenda que o
governo brasileiro estabeleceu para o G20, que são redução das desigualdades, a
aliança global pela contra a fome, a transição é justa têm tudo a ver com nossa
agenda, e temos que pensar uma transição que efetivamente seja justa para que a
parcela mais importante, que são os trabalhadores do mundo, não seja imposta os
impactos de uma transição energética, ou mesmo da transição digital”. Lisboa
destacou ainda estar otimista em aprovar uma declaração que dê seguimento aos
debates do G20, que o mundo tanto necessita nesse momento.
“Uma outra questão fundamental, além de os temas levantados
aqui temos de olhar para os povos dos países além do G20, que reúne as 20
economias maiores do mundo porque sobre o nosso trabalho geram diretamente impactos
na economia desses países. Portanto, o G20 não pode, a partir da nossa análise,
não pode olhar apenas para internamente. Vai ter que saber quais são os
impactos e quais são as possibilidades que a gente pode construir para gerar
uma vida melhor e gerar um mundo mais justo diante das últimas crises que a
gente vive no planeta”, afirmou Lisboa.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que também
participou online, destacou os avanços do governo Lula em relação à renda dos
trabalhadores e à proteção da igualdade do mercado de trabalho, que segundo
ele, nunca foi prejudicial à economia.
“Só temos a ganhar quando o governo, os empregadores se
unem para investir nos trabalhadores e trabalhadoras, além de investir em
educação e capacitação, no sistema de proteção social, na garantia de respeito
pelos direitos humanos, trabalhistas em todas as etapas da cadeia produtiva.
Como o governo voltado às pessoas, especialmente aquelas que mais precisam,
temos o dever e a responsabilidade de lutar pelo futuro melhor para todos”,
afirmou Marinho, ao ressaltar a importância do L20.
Convidado a falar, por meio de plataforma virtual, o
embaixador Maurício Carvalho Lyrio, responsável pelo governo brasileiro da
organização do G20, destacou que o presidente Lula abriu espaço para que as
entidades sindicais possam contribuir com sugestões e propostas que poderão
estar no documento final do G20.
“É lógico que não é um processo automático, nós somos 21
membros do G20 negociando o texto, são posições diferentes, muito diversas,
portanto, nada é automático, tudo é negociado, e naturalmente, as contribuições
do L20 são absolutamente cruciais”, disse o embaixador.
Lyrio ainda listou prioridades do Brasil enquanto ocupa a
presidência do Grupo: a questão da
transição energética e da mobilização de recursos para o combate à mudança do
clima, que, segundo ele, há uma concentração exagerada de recursos em países
ricos, dificultando os países em desenvolvimento a ter acesso a recursos para
fazer sua transição energética, no sentido da sustentabilidade plena, que é
também social; o lançamento de uma aliança global contra a fome e a pobreza e
uma reforma da governança global.
“Nós tivemos no ano passado um recorde de conflitos no
mundo nos últimos 30 anos, foram 183 conflitos e a tendência é uma concentração
de recursos, esforços e vontade política. E isso, eu diria, desvia todo esse
capital financeiro e político para conflitos, inclusive no sentido negativo de
armar as partes e acaba privando os objetivos que nós temos”.
O secretário-Geral da CSI Luc Triangle, deu boas-vindas às
prioridades brasileiras nos debates do G20 e disse que a presidência do Grupo,
sendo ocupada pelo país, acontece num momento em que o mundo precisa de uma
forte liderança porque enfrenta conflitos geopolíticos que tem um aumento
grande no custo de vida para bilhões de pessoas e também com a crise climática.
“Essas prioridades estão totalmente em linha com os debates
da CSI para as novas concorrências sociais, que devem entregar essa transição
climática com as proteções trabalhistas com renda mínima, e também com a
proteção social universal, igualdade e inclusão”, afirmou.
Representando Marcio Costa Macedo, Ministro de Estado Chefe
da Secretaria-Geral da Presidência da República, encarregado de coordenar o G20
Social, Renato Simões, Secretário de Participação Social da Pasta, falou sobre
as prioridades do G20 social e da Presidência da República.
“O presidente Lula, evidentemente, acompanha com muito
interesse e a Secretaria- geral reafirma para vocês a importância do L20 nesse
contexto, não só porque o presidente tem uma relação umbilical com a luta
sindical, mas também em reconhecimento ao importante papel que as centrais
sindicais brasileiras e o movimento sindical internacional tiveram na
resistência democrática às graves crises que nós passamos desde o golpe
parlamentar de 2015”, declarou.
Ao concluir os trabalhos, Veronica Nilsson, Secretária
Geral do The TUAC (Trade Union Advisory Committee), o Comitê Sindical da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), lembrou que no ano passado o
processo do G20 foi muito desafiador e, que por isso, este ano o Brasil estar
na presidência do Grupo e ter um presidente (Lula), aliado dos trabalhadores,
significa avanços.
“Queremos trabalhar com vocês para garantir que a
presidência brasileira seja positiva para os trabalhadores. Acho que a
discussão de hoje já mostrou que muitas das prioridades sindicais nossas estão
aliadas com vocês e com o presidente do Brasil, e isso nem sempre é assim.
Neste ano temos um espírito de diálogo de transparência, de inclusividade. Eu
acho que vai ter algumas barreiras, temos eleições a caminho, nem todos os
governos são amigos do movimento sindical, então por isso que eu estou
insistindo nessa questão de aproveitar a oportunidade que temos esse ano com a
presidência atual”, disse.
Convidados
Contribuíram também com os debates Maira Lacerda, Chefe da
Assessoria Internacional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE); Ricardo
Patah (UGT), Denilson Pestana (NCSB), Miguel Torres (Força Sindical), além do
Secretário de Economia Solidária da CUT Nacional, Admirson Medeiros Ferro Jr, o
Greg, e outros sindicalistas do exterior: Argentina, Coréia do Sul e Indonésia,
entre outros países.
Para ler a íntegra da Declaração do L20 ao G20, 2024 (em
espanhol), clique aqui.
O G20
O Grupo dos 20, é um fórum de cooperação econômica
internacional criado em 1999, que tem como objetivo o fortalecimento da
economia internacional e a discussão de temas fundamentais para o
desenvolvimento socioeconômico global.
O G20 é composto por Brasil, África do Sul, Alemanha,
Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados
Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e
Turquia, além dos blocos União Africana e União Europeia. Juntas, as nações
representam cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e dois
terços da população do planeta.
Por Rosely
Rocha, com edição de André Accarini/CUT Nacional