Dia do Orgulho LGBT+ reforça debate sobre desafios contemporâneos
29 de junho 2024
Nesta sexta-feira (28/06), em todo o mundo ocorreram celebrações pelo Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, também conhecido como Dia do Orgulho Gay. A data foi criada para refletir e reivindicar sobre direitos à comunidade, a partir de um evento histórico significativo: a Rebelião de Stonewall, ocorrida em 1969, em Nova York.
"Naquele ano, frequentadores do bar Stonewall Inn resistiram a uma invasão policial que tinha como objetivo reprimir e prender indivíduos por sua orientação sexual e identidade de gênero", explica a secretária da Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e militante LGBTQIA+, Bianca Garbelini.
A resistência e os protestos subsequentes catalisaram o movimento moderno pelos direitos LGBTQIA+, tornando o 28 de junho um marco para a luta pela igualdade. Stonewall simboliza, assim, a força da comunidade ao transformar a indignação em ação organizada, inspirando marchas e paradas ao redor do mundo.
Garbelini reforça que a celebração da data transcende a mera comemoração, servindo como um lembrete da luta contínua por igualdade e aceitação. “A visibilidade proporcionada por essa data é crucial para sensibilizar a sociedade sobre os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+. A data também oferece oportunidade para educar e promover a inclusão, criando um ambiente onde todas as pessoas possam expressar sua identidade livremente e sem medo”.
A dirigente da Contraf-CUT destaca que, em muitos lugares, as paradas do orgulho são eventos que combinam celebração com ativismo, reunindo milhares de pessoas em uma demonstração pública de solidariedade e diversidade. A importância dessa visibilidade é ressaltada em contextos, onde políticas e práticas discriminatórias ainda prevalecem, ressaltando a necessidade de continuar a luta por direitos iguais.
Dados de violência e preconceito
O preconceito contra a comunidade LGBTQIA+ é considerado crime no Brasil desde 2019, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) equiparou a homofobia e a transfobia aos crimes de racismo. Essa decisão marcou um avanço significativo na luta pelos direitos civis e na proteção da comunidade contra discriminações e violências motivadas pela orientação sexual e identidade de gênero. Contudo, os dados revelam uma realidade alarmante: de acordo com o Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+, preparado pelo Observatório de Mortes e Violências LGBTI+, o Brasil registrou mais de 1.600 mortes de pessoas LGBTQIA+ nos últimos 10 anos.
Em 2023, foram contabilizadas 345 mortes, um aumento preocupante que evidencia a persistência da violência extrema contra essa comunidade. Na avaliação de Bianca Garbelini, “os números alarmantes de violência ressaltam a urgência de medidas efetivas para garantir a segurança e os direitos fundamentais dessas pessoas, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero”.
Segundo dados de outra entidade, a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), o Brasil registrou 131 assassinatos de pessoas trans em 2020, o maior número do mundo. Além disso, a ONG Grupo Gay da Bahia (GGB) aponta que uma pessoa LGBTQIA+ é morta a cada 19 horas no país. Esses números alarmantes evidenciam a necessidade urgente de políticas públicas efetivas e de uma mudança cultural que promova o respeito e a segurança para todos.
“A violência contra pessoas LGBTQIA+ não se limita a ataques físicos; ela inclui também violência psicológica, discriminação no ambiente de trabalho, escolar e na família. Estudos mostram que a população LGBTQIA+ enfrenta taxas mais altas de depressão e suicídio, muitas vezes devido ao preconceito e à exclusão social”, pontua a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elaine Cutis.
Tema na Campanha Nacional
"O respeito à diversidade é um dos temas presente na mesa igualdade de oportunidade, de negociação com os bancos", esclarece Bianca Garbelini, ao lembrar que a categoria está em meio a Campanha Nacional para a renovação da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), com todos os bancos, e para os ACTs (Acordos Coletivos de Trabalho) específicos com os bancos públicos. "O movimento sindical bancário, ao longo dos anos, se tornou referência para outras categorias, nas mesas de negociação, graças a esse empenho em debater o tema e, com isso, alcançar cláusulas trabalhistas para a comunidade com os bancos", completa.
Em 2000, os trabalhadores e as trabalhadoras bancárias conquistaram a inclusão do tema igualdade de oportunidade nas mesas de negociação. Em 2009, foi a vez da licença-maternidade de 180 dias, com extensão de direitos aos casais homoafetivos. "Recentemente tivemos uma outra conquista, na Cassi (Caixa de Assistência de Saúde dos funcionários do Banco do Brasil), que é a criação de um núcleo de atenção à saúde para a população LGBTQIA+. Nós vamos reforçar essa questão nas mesas com os bancos, para que outras empresas pratiquem essa iniciativa tão necessária aos aspectos de saúde física e saúde mental da população LGBTQIA+", conclui Garbelini.
Combate ao preconceito no trabalho
O ambiente de trabalho é um espaço onde a discriminação ainda se faz presente. Para combater esse preconceito, é essencial que as empresas implementem políticas inclusivas e que promovam uma cultura de respeito. Medidas práticas incluem:
- Treinamento e sensibilização: Promover workshops e treinamentos sobre diversidade e inclusão para todos os funcionários. Esses treinamentos devem abordar não apenas a conscientização, mas também fornece ferramentas práticas para lidar com situações de discriminação.
- Políticas de não-discriminação: Adotar políticas claras contra a discriminação e o assédio baseados na orientação sexual e identidade de gênero. Empresas devem estabelecer canais seguros e confidenciais para que funcionários possam denunciar casos de discriminação.
- Apoio e recursos: Disponibilizar redes de apoio, como grupos de afinidade LGBTQIA+, e recursos para aqueles que enfrentam discriminação. Isso pode incluir programas de mentoria e suporte psicológico.
- Liderança inclusiva: Incentivar líderes e gestores a serem modelos de comportamento inclusivo, promovendo uma cultura corporativa que valoriza a diversidade. Líderes devem ser treinados para reconhecer e combater preconceitos inconscientes, criando um ambiente de trabalho onde todos se sintam valorizados.
Fonte: Contraf-CUT