Entenda por que a queda da inflação não chegou no seu bolso

Escrito por: 16171

Capa da Notícia

22 de outubro 2022

O IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), que mede a inflação oficial do Brasil, registra deflação pelo terceiro mês seguido, mas a população, em especial as famílias de baixa renda, não sentem a queda dos preços em seu dia a dia e sentem no bolso a alta dos preços, que estão pela hora da morte. Veja abaixo a lista dos 50 produtos que mais subiram desde 2020. Em setembro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) Amplo foi de -0,29% e registrou deflação pelo terceiro mês seguido. No ano, a inflação acumulada é de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%, segundo o IBGE. Os trabalhadores e trabalhadoras que ganham menos, porém, não foram beneficiados com a queda dos preços. Eles sentem muito pouco a deflação por pelo menos dois motivos. Primeiro: o que mais impactou na queda da inflação foi a derrubada dos preços dos combustíveis, determinada o pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), em pleno período eleitoral. E a população que ganha menos, não tem carro, portanto, não sente tanto a queda dos preços da gasolina como os mais ricos. Segundo: os trabalhadores de menor renda usam a maior parte do salário para comprar alimentos, que subiram demais e precisam cair muito para voltarem aos preços cobrados antes da disparada da inflação. Um terceiro elemento dessa equação, ressalta o técnico do Dieese, Leandro Horie, é o rendimento médio real do trabalhador, que encolheu -4,27% de janeiro de 2020 a agosto/setembro de 2022. No mesmo período, diz Leandro, a inflação subiu 19,70%, a cesta básica +45,07%, o gás de cozinha +61%. Só o leite longa vida acumula alta de 84,20%, o óleo de soja de 123,20%, o café 84,20%. “Na prática, mesmo com esse alívio momentâneo da inflação, a perda de poder de compra foi muito grande, especialmente para a população de mais baixa renda”, afirma o técnico do Dieese. “Se considerarmos o período de janeiro de 2020 até junho de 2022, houve uma aceleração muito grande da inflação, ao mesmo tempo em que os rendimentos do trabalho, em termos reais, caíram”, explica. “Mesmo com algum refresco nos últimos três meses, além da variação dos rendimentos do trabalho ainda permanecer negativa no período como um todo, a queda da inflação não fez frente ao aumento anterior para quase todos os produtos, como alimentos em especial, acrescenta Leandro Horie. O técnico do Dieese se refere a alimentos básicos e essenciais na cesta dos brasileiros que subiram muito, alguns continuam subindo, outros caíram pouco e continuam com uma taxa acumulada de inflação altíssima. O arroz, por exemplo, subiu 48,9% de janeiro a junho de 2020, caiu 1,2% entre janeiro e setembro deste ano. Precisaria cair 47,2% para voltar aos preços de 2020. O feijão carioca (rajado) subiu 50,5% no primeiro semestre do ano passado, caiu 11,4% até setembro deste ano e ainda acumula 33,3% de alta em relação a 2020. Outros produtos que dispararam, como o leite longa vida continuam subindo, apesar da deflação. Entre janeiro de 2020 e junho de 2022, o produto subiu 73,2%. De junho a setembro deste ano, aumentou mais 6,3%. A alta acumula de janeiro de 2020 a setembro 2022 é 84,2%, como mostra o gráfico acima. O botijão de gás de 13 quilos é outro produto que não viu a cor da deflação. Aumentou 60,8% entre janeiro de 2020 e junho de 2022, mais 0,5% até setembro deste ano e acumulada alta de 61,6%. Confira a lista dos produtos que mais subiram desde 2020 Por Marize Muniz/CUT Nacional