Escuta Santander: bancários e aposentados protestam contra gestão
09 de abril 2024
Bancários e da
ativa e aposentados do Santander protestaram contra as mudanças implementadas
pela gestão brasileira do banco espanhol por meio da “multicanalidade”; e por
questões relacionadas à retirada de patrocínio do Banesprev e à transferência
de gerência do SantanderPrevi.
A manifestação foi realizada durante a visita ao país da presidenta mundial do
banco, Ana Botín, na manhã de segunda-feira (8), na Torre Santander, em São
Paulo, e na rede social “X” (antigo Twitter), com a hashtag #EscutaSantander.
Em março, durante a assembleia mundial dos acionistas do Santander, na Espanha,
o movimento sindical brasileiro denunciou os abusos e desrespeitos que a filial
brasileira do grupo pratica contra os trabalhadores brasileiros e a população
do país, que respondem por 17% do lucro global do conglomerado espanhol.
“Fraudes em contratações, demissões arbitrárias, ataques ao plano de pensão e
aos convênios de saúde, assédio moral e sobrecarga de trabalho têm sido parte
do nosso cotidiano, gerando altos índices de adoecimento entre nossos colegas e
uma total ausência de solução dos conflitos através da negociação coletiva.
Esta situação obriga os trabalhadores a buscarem na justiça o que deveria ser
resolvido de forma negocial aumentando, assim, o passivo trabalhista e comprometendo
a estabilidade futura”, denunciou aos acionistas Lucimara Malaquias,
secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionária do
Santander.
O ato de segunda-feira foi um reforço, motivado pela forma como o Santander tem
tratado os trabalhadores da ativa e os aposentados. Uma carta aberta
direcionada à Botín também foi divulgada.
“A atividade buscou fortalecer as denúncias já apresentadas na Espanha. Nós
queremos que os desmandos do Santander, aqui no Brasil, cheguem até a Ana Botín”,
afirmou Rita Berlofa, funcionária do banco e secretária de Relações
Internacionais da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro).
“Os trabalhadores da ativa e os aposentados estão indignados com a posição
intransigente do banco em fazer as mudanças sem nenhum diálogo com os
trabalhadores e com o movimento sindical”, afirmou Wanessa Queiroz,
coordenadora da COE (Comissão de Organização dos Empregados) do Santander.
Multicanalidade
Por meio do
processo chamado “multicanalidade”, o banco vem retirando os gerentes Van Gogh
e gerentes de empresa das agências, transferindo-os para departamentos
internos, que tem causado sobrecarga para os Especialistas Santander que
permaneceram nas agências. A mudança também está resultando na precarização do
atendimento aos clientes.
Mudanças no Banesprev
No dia 2 de abril,
o Diário Oficial da União publicou duas portarias da Previc (203 e 204), órgão
fiscalizador das entidades fechadas de previdência complementar, aprovando a
retirada de patrocínio das complementações de aposentadoria dos plano I e II, e
transferência de gestão dos plano V e pré-75 para o SantanderPrevi, que não tem
gestão colegiada.
As entidades representativas dos empregados Contraf-CUT, Sindicato dos
Bancários de São Paulo e demais associações, como Afubesp, Afabesp e Abesprev
avaliam que a transferência de gestão acarretará em grandes prejuízos no
processo de governança. Isto porque a governança do SantanderPrevi é bem mais
restrita, por não ter diretores eleitos, comitê de investimentos e assembleia
de participantes. Por tudo isto, a transparência do SantanderPrevi é bem
inferior à do Banesprev. “A transferência de gestão acarretará não só grandes
prejuízos no processo de governança, hoje existente, como também trará risco para
os participantes que já estão com idade avançada, bem como é muito dinheiro
para ir a uma instituição pequena e sem governança”, completou Rita Berlofa.
Além do protesto desta segunda-feira (8), as entidades ajuizaram pedidos de
liminar visando impedir a transferência de gestão dos Planos V e Pré-75 do
Banesprev para o SantanderPrevi.
Fonte: Contraf-CUT