Lucro da Caixa cresceu 49% no primeiro trimestre de 2024
16 de maio 2024
Nos três primeiros
meses do ano, o banco alcançou margem financeira de R$ 15,3 bilhões, com
crescimento de 9,9% em 12 meses, decorrente, sobretudo, da redução das despesas
de intermediação financeira (-3,3%). Além disso, a redução na provisão para
perdas associadas ao risco de crédito (-0,9%) e o incremento nas receitas com
prestação de serviços (+6,9%) influenciaram o resultado.
Outros números
“A Caixa desempenha uma função fundamental no financiamento da casa própria.
Essa é uma das responsabilidades que todos os bancos deveriam ter, mas é a
Caixa, como banco público, que cumpre seu papel social, que toma a frente neste
mercado na luta pela redução do déficit habitacional”, ressaltou o coordenador
da CEE, ao ressaltar que a Caixa, mesmo quando há queda na taxa básica de juros
(Selic), mantém a oferta de crédito para financiamento habitacional, ao
contrário de outros bancos, que somente investem no segmento quando a Selic
está alta. “Essa política da Caixa precisa ser mantida, com crescimento em
volume de recursos”, completou.
A Caixa também acelerou o crescimento do financiamento das operações de
saneamento e infraestrutura e do agronegócio. O crédito voltado às operações de
saneamento e infraestrutura tiveram expansão de 2,9% em 12 meses, totalizando
R$ 100,3 bilhões. Para o agronegócio a expansão foi ainda maior, de 20,7%,
atingindo R$ 57,8 bilhões.
A Carteira de Crédito Ampliada da Caixa teve alta de 10,4% em comparação ao
primeiro trimestre de 2023, totalizando R$ 1,14 trilhão. As operações de
crédito comercial com pessoas físicas diminuíram 2,7% somando R$ 134 bilhões.
No segmento comercial com pessoas jurídicas, houve crescimento de 3,9%,
totalizando um montante de R$ 98 bilhões.
“É preocupante que o crescimento se dê nas carteiras de crédito imobiliário e
do agro mas se mantenha praticamente estagnado na carteira comercial para
pessoas físicas e jurídicas. Há milhões de pessoas sem conta em banco. A Caixa
precisa contribuir com a bancarização do país e, durante a apresentação do
balanço, foi dito que os investimentos na área administrativa ficaram abaixo do
provisionado. Ou seja, a Caixa tem competência e espaço para crescer. Falta
apenas investir na contratação de pessoal e melhoria de tecnologia. Dinheiro
tem pra isso”, analisou o coordenador da CEE.
“E não é apenas para cumprir seu papel social. Isso dá dinheiro também. Volta
em forma de recursos e share de mercado (participação)”,
completou ao explicar que quando há aumento da oferta de crédito para um novo
público, há ganho da fatia de crédito comercial que está em disputa. “A Caixa
está abrindo mão desta disputa e as fintechs e os bancos
digitais estão entrando com muita facilidade, cobrando juros de 10%, 12%,
enquanto a Caixa tem capacidade de oferecer isso a juros menores. Ou seja, é
menos chicote no lombo da população, com juros mais baixos e mais dinheiro
entrando na Caixa, com o banco atendendo o público que é seu métier”,
continuou.
Carteira de crédito
“O resultado reflete o enorme esforço das empregadas e empregados da Caixa, que
estão cada vez mais sobrecarregados”, avaliou o coordenador da CEE (Comissão
Executiva dos Empregados) da Caixa e diretor da Contraf-CUT (Confederação Nacional
dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Rafael de Castro. “Com menos
trabalhadores e um número muito maior de clientes, os colegas precisam superar
os constantes problemas nos sistemas para que o banco obtenha bons resultados.
Mas o custo é o aumento da sobrecarga que, somada ao assédio na cobrança de
metas, tem levado muitos ao adoecimento”, completou de Castro.
O coordenador da CEE se refere à redução de 168 postos de trabalho na Caixa
ocorrida no primeiro trimestre do ano, frente ao aumento de 1,56 milhão de
clientes. No final do primeiro trimestre, o quadro de pessoal da Caixa era de
86.794 empregados e empregadas. O banco chegou a ter um quadro de 101.484 em
2014, uma redução de 14.690 postos de trabalho.
“O atendimento à população é precarizado. E isso fica muito visível nos
anúncios de novos programas sociais do governo, quando as filas nas imediações
das agências chegam a dobrar o quarteirão”, observou de Castro.