Mulheres ganham menos em 82% das principais áreas de atuação no país

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21 de junho 2024

Levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado na quinta-feira (20/06), com base em dados do CEMPRE (Cadastro Central de Empresas) de 2022, mostra que as mulheres ganham menos do que os homens em 82% das principais áreas de atuação do país e ainda que, em média, a remuneração delas é 17% menor que a dos homens.

A investigação foi realizada com base em 357 áreas. Em apenas 63 áreas (18%), as mulheres ganhavam salários médios iguais ou maiores do que os colegas do sexo masculino. Em termos numéricos, o salário médio das mulheres, em 2022, foi de R$ 3.241,18, contra R$ 3.791,58 entre os homens, dando a discrepância de 17% entre os gêneros.

Até mesmo em áreas com maior presença do gênero feminino, mulheres receberam salários médios inferiores aos dos homens. Em "saúde humana e serviços sociais, a remuneração" média dos homens, em 2022, foi de R$ 3.794,81, contra R$ 3.069,17 entre as mulheres. No setor de "educação do ensino médio", onde também o gênero feminino é mais presente, em média, os homens ganhavam R$ 4.218,73, e as mulheres R$ 3.985,91.

Na área "atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados a atividades de serviços financeiros", onde os bancos estão incluídos, o salário médio dos homens foi R$ 10.969,42, contra R$ 7.783,78 entre as mulheres, ou seja, elas ganham cerca de 41% a menos do que eles.

O setor com a pior discrepância foi o de "fabricação de mídias virgens, magnéticas e ópticas", onde as mulheres, em 2022, ganhavam em média R$ 1.834,09, valor 309,4% menor que a média salarial dos homens na mesma área: R$ 7.509,33. Por outro lado, o levantamento identificou que as mulheres ganhavam mais na área de "organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais", com remuneração média de R$ 9.018,70, valor 47,7% maior que o salário médio registrado entre os homens (R$ 4.717,09).

Na categoria bancária

O trabalho do IBGE não isola o setor bancário que, como visto acima, agrega a área "atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados a atividades de serviços financeiros". Mas um levantamento produzido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com base na PnadC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua), realizada pelo IBGE, com dados de 2021, mostra que, na categoria bancária, as mulheres recebiam, em média, R$ 8.812,11, ou seja 22,2% menos que os homens, que têm média salarial de R$ 11.227,36.

O levantamento do Dieese para a categoria bancária também apresenta recortes raciais, mostrando que, em 2021, a remuneração média da mulher preta (R$ 7.023,55) foi 40,6% menor que a remuneração média do homem branco.

"Apesar do cenário, ainda desigual para mulheres, no mundo do trabalho, existe um fator positivo na realização e divulgação cada vez mais frequente de levantamentos como este, porque é um reconhecimento da desigualdade que precisa ser enfrentada", avalia a Secretária da Mulher da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Fernanda Lopes. “Com isso, temos visto o avanço de políticas públicas para reduzir essa distorção”, completou.

Fernanda destacou como exemplo mais recente de avanços a lei de igualdade salarial entre gêneros (n° 14.611/2023), de iniciativa do governo Lula, sancionada em 2023. "Inclusive, nós, do movimento sindical bancário, participamos do GTI (Grupo de Trabalho Interministerial), estabelecido pelos ministérios do Trabalho e da Mulher, no âmbito do Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, para avançar na agenda de implementação desta lei", reforçou.

A dirigente destacou que, na categoria bancária, o movimento sindical também utilizou como estratégia a produção de estudos e pesquisas, encomendados ao Dieese, e que geraram conquistas de direitos às mulheres no setor, como a inclusão do tema sobre "igualdade de oportunidade" nas mesas de negociação, em 2000; a Licença-maternidade de 180 dias e extensão de direitos aos casais homoafetivos, em 2009; e a Licença-paternidade de 20 dias, em 2016.

“Fazer este debate é enfrentar uma questão estrutural construída ao longo da história, que inviabiliza, até hoje, direitos iguais entre homens e mulheres. Então, não podemos perder de vista que a unidade é fundamental, para conseguir continuar avançando”, pontuou Fernanda Lopes.

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Fonte: Contraf-CUT