Protestos contra os juros altos mobilizam o país

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15 de fevereiro 2023

Atos organizados pela CUT, demais Centrais Sindicais e diversas outras entidades, como a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), tomaram as redes sociais e as ruas de várias cidades do país na terça-feira (14/02) na mobilização contra a taxa de juros altos praticada pelo BC (Banco Central), criticada pelo presidente Lula. Os atos, que também pedem a saída do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, que foi nomeado para o cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Se o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tivesse vergonha na cara, entregava o cargo. Já que ele acredita em juros altos e na recessão, que entregue o cargo e vá embora, porque isso ficou no passado, quando o povo brasileiro derrotou o governo genocida de Bolsonaro e elegeu Lula”, discurso o do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, na manifestação realizada em frente à sede do BC, em Brasília. “Campos Neto pode esperar, a sua batata está no forno. Os atos realizados hoje pela CUT e todo o movimento sindical em Brasília, São Paulo e demais estados onde há representação do Banco Central vão acontecer até esse canalha cair, tomar vergonha na cara e entregar o posto para que alguém decente, que tenha compromisso com a Classe Trabalhadora, possa assumir”, completou o sindicalista. Sérgio afirmou que “precisamos de alguém no BC que ajude a tirar o país desse caos que foi instalado nos últimos seis anos, que ajude a mudar os rumos para o Brasil voltar a ter emprego e o povo brasileiro volte a ter dignidade, porque esse é o nosso papel, essa é a tarefa do movimento sindical, da Central Única dos Trabalhadores”. O presidente nacional da CUT destacou que a mudança no Banco Central é fundamental. “Essa política de autonomia e juros altos que o Campos Neto defende foi a responsável pela destruição da produção brasileira, por desempregar, colocar o povo na fila do osso e milhões de famílias dormindo nas calçadas no Brasil inteiro”, disse. O dirigente lembrou que o tema foi debatido na campanha eleitoral do ano passado e definiu pela queda de juros, quando “o presidente e Lula (então candidato) colocou que o Banco Central não tem que ter autonomia coisa nenhuma, porque tem que estar a serviço da política correta da geração de empregos”. “Juros altos significam menos emprego, prejudicam desenvolvimento do país, esse debate foi feito na campanha e a posição do Campos Neto foi derrotada.  Portanto ele não tem mais o que fazer na Presidência do Banco Central”, afirma Sérgio Nobre. Ele destacou ainda que, em 18 de janeiro, o presidente Lula convocou todas as Centrais Sindicais às quais colocou três desafios a serem resolvidos em 90 dias. Desafios que enfrentam barreiras, a persistirem os juros altos e a presidência de Campos Neto. O primeiro desafio, lembra o presidente nacional da CUT, é retomar a política de valorização de salário mínimo, que é o instrumento mais importante de distribuição de renda. “Com aumento real de salário mínimo, o povo consome, a indústria produz mais e gera empregos. Esse é o caminho, mas com juros a 13,75%”, não dá ressaltou o líder custista. “O presidente colocou esse desafio do salário mínimo porque, quando o salário cresce acima da inflação, os trabalhadores e trabalhadoras compram mais arroz, feijão, trocam o sapato, a roupa, com isso a indústria produz mais e, produzindo, vai ter mais emprego, mais transporte.  Esse é o caminho que o Lula está propondo, mas não com juros de 13,75% como quer o Campos Neto”. O presidente nacional da CUT resgatou os outros dois desafios colocados aos sindicalistas em janeiro: proteger os trabalhadores por aplicativos, “7,5 milhões de pessoas em todo o país que não têm nenhum direito, que trabalham como a 800 anos atrás e que, se cair da moto não tem hospital, não tem mais como cuidar da família”. “Lula nos colocou o desafio de regular em 90 dias e nós vamos regular”, disse Sérgio Nobre. O terceiro desafio colocado às centrais sindicais por Lula foi o fortalecimento da negociação coletiva. “Fundamental, porque é a negociação coletiva que amplia e cria direitos, e a negociação coletiva é feita pelo movimento sindical. Foi essa a proposta que ganhou as eleições nas urnas e nós vamos fazer valer”, afirma Sérgio Nobre. Bancários na luta A presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, que também participou do ato em Brasília, afirmou que não existe no mundo taxa tão alta como a do Brasil. “Juros tão elevados são uma sabotagem à economia brasileira, uma postura criminosa que acaba com emprego e renda e empobrece o trabalhador brasileiro. Por isso dizemos Fora Campos Neto!” A dirigente também pontuou a ligação política de Campos Neto com o governo anterior. “O atual presidente do Banco Central foi votar com a camiseta de Bolsonaro, estava em grupos de WhatsApp dos seus ministros e continua fazendo a política econômica de Paulo Guedes, que só favorece os rentistas que vivem de especulação e ainda está bloqueando o crescimento econômico. Deveria pedir demissão”, afirmou. Veja o balanço que a dirigente fez dos atos, no vídeo abaixo: Fonte: Contraf-CUT e CUT Nacional