Selic em 13,75% pode gerar quebradeira de empresas

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13 de abril 2023

Juros altos fazem a economia travar. Em 13,75% ao ano, a taxa básica de juros (Selic), que é definida pelo BC (Banco Central), dá ao Brasil o indigesto título de país com os juros reais mais altos do mundo, da ordem de 7,5% ao ano. Nesses patamares, os juros causam danos sistemáticos à economia e podem levá-la à estagnação, o que agravaria o quadro social brasileiro, que já soma 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. A necessidade de reversão dessa situação tem unido Sindicatos, setor empresarial, economistas e até o mercado financeiro, num verdadeiro consenso nacional, em defesa da redução dos juros brasileiros. “Nós queremos a economia forte, gerando emprego e renda para todos os trabalhadores. Manter os juros altos é sabotagem”, declarou a presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira. Risco de quebradeira Os estragos alcançam toda a cadeia produtiva. Só no primeiro bimestre deste ano, por exemplo, 195 empresas pediram falência ou concordata, número 60% maior do que no mesmo período de 2022. Conforme avaliação de especialistas, em 2023 esse número deverá ser em média 50% maior do que em 2022, o que totalizaria mais de 1.200 pedidos de recuperação judicial ao longo do ano. A presidenta da Contraf-CUT lembra que esses são os efeitos nocivos de uma Selic tão alta. “Quando não há financiamento acessível para a produção, empresas começam a quebrar e o nível de emprego a cair”, observou. Na Bolsa Um conjunto de 295 empresas de capital aberto, que negociam ações na Bolsa de Valores, tiveram queda de 17% no lucro líquido em 2022. Esse grupo não inclui gigantes, como Petrobras, Brasken, Vale e CSN. Por outro lado, suas despesas financeiras, em especial para pagar juros, saltaram 50% no período. Ao mesmo tempo, enquanto suas vendas subiram 19%, os custos de produção ficaram cerca de 22% mais altos. A queda no lucro líquido foi mais acentuada nos setores essenciais para estimular a produção, como energia elétrica, siderurgia e metalurgia, alimentos processados, telecomunicações, mineração e agropecuária. Juros baixos já! O movimento sindical encampou a defesa dos juros baixos e tem organizado protestos por taxas civilizadas, que garantam o crescimento econômico, empregos e renda. Grandes atos foram promovidos, em fevereiro e março, pelas centrais CUT, Força, CTB, UGT, CSB, NCST, CSP Conlutas, Intersindical e A Pública, e pelos movimentos Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular. A Contraf-CUT, Federações e Sindicatos do ramo financeiro também se mobilizaram em todo o país, participaram da organização dos protestos e promoveram ações nas redes sociais, com a hashtag #JurosBaixosJá. Confira, amanhã, o segundo texto da série, sobre o tamanho da crise de crédito que afeta o sistema produtivo do Brasil. Fonte: Contraf-CUT