Sobrecarga e investimento em TI estarão em pauta nas negociações com a Caixa
25 de junho 2024
Sobrecarga e adoecimento
“Quando você junta estes dois dados (redução do quadro de pessoal e o aumento do número de contas) com a reclamação dos empregados sobre as falhas de sistema da Caixa, fica fácil perceber que há uma enorme sobrecarga de trabalho e entender o motivo do aumento do adoecimento das empregadas e empregados”, disse o diretor da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e coordenador da CEE (Comissão Executiva dos Empregados) da Caixa, Rafael de Castro.
“Com menos pessoas para atender este estrondoso aumento da demanda, e ainda sem a necessária melhoria na infraestrutura, não há saúde que resista”, completou a diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil.
“A redução do quadro de pessoal da Caixa seria ainda maior se não fosse a atuação do movimento sindical, que lutou pela contratação de pessoas com deficiência, para que fosse cumprido o que determina a lei de inclusão, assim como pela extensão da validade do concurso de 2014, que permitiu a contratação de mais aprovados”, lembrou Eliana.
Prejuízo aos clientes
A redução do quadro de pessoal e a falta de investimentos em tecnologia causam sérios prejuízos à qualidade do atendimento aos clientes da Caixa que, em sua maioria, fazem parte da população mais carente, sem acesso e pouco conhecimento de serviços de internet.
“Não é raro vermos notícias na imprensa sobre as enormes filas e agências da Caixa lotadas. Isso compromete a capacidade da Caixa de cumprir seu papel social, principalmente com relação ao pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família e o Seguro-desemprego, mas também em algo que a Caixa é fundamental, que o financiamento habitacional”, disse o presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), Sergio Takemoto, ao lembrar que a Caixa é líder de mercado no segmento de crédito imobiliário, tendo fechado o primeiro trimestre de 2024 com 67,68% da carteira neste segmento.
“Mas, além dos clientes, a imagem do banco e dos empregados são prejudicadas. Ao ver uma notícia desta na TV, na maioria das vezes as pessoas não conseguem perceber a sobrecarga dos empregados e tampouco a falta de investimentos”, disse o presidente da Fenae. “Esta é uma consequência do sucateamento pelo qual o banco vem passando. Não raro, visando a privatização”, completou.
Reivindicações
Os próximos meses serão decisivos para a solução destes problemas pelos quais passa a Caixa. Com o slogan “A sua luta nos conecta”, a categoria bancária já iniciou o processo de negociações com os bancos para a renovação da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) e as empregadas e empregados da Caixa realizam também negociações específicas para renovar seu ACT (Acordo Coletivo de Trabalho). As pautas de reivindicações já foram entregues à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e à Caixa no dia 18 de junho. Nesta quarta-feira (26/06), acontece a primeira reunião com a Fenaban com o tema emprego.
Com a Caixa, para sanar os problemas citados neste texto, além de mais contratações, as empregadas e empregados da Caixa reivindicam:
- a criação de uma carreira de TI para segurar talentos;
- a renovação imediata do parque tecnológico;
- fornecimento de recursos de acessibilidade;
- aumentar a quantidade e diversidade de tecnologias assistivas disponibilizadas pela Caixa;
- apoio financeiro para aquisição de tecnologia assistivas por empregados PcD que trabalhem de forma remota;
- melhoria das estruturas das agências;
- fim da designação de função por minuto, com retorno da designação exclusivamente de forma efetiva;
- incorporação de função gratificada exercida por mais de 10 anos;
- registro de horário de trabalho por todos os empregados, com efetivo pagamento de horas-extras;
- redução da jornada para cinco horas diárias, cumpridas em quatro dias por semana, sem redução dos salários;
- fim da cobrança abusiva de metas e do assédio moral e sexual;
- estabelecimento de critérios objetivos de promoção por mérito;
- avaliação por múltiplas fontes nos programas de desempenho, considerando as metas sociais;
- reformulação do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) com a participação dos empregados, de forma que seja possível verificar as reais condições de saúde e de trabalho dos empregados.
Fonte: Contraf-CUT